MORAL, ÉTICA, CIVILIZAÇÃO E DECADÊNCIA

 Posso até desejar ser otimista, mas será possível?

Em meio a tanta modernidade
vemos crescer o egoísmo e
diminuída a solidariedade entre
os povos. Será isso um
comportamento racional?

WALQUER CARNEIRO

 
Porque será que a sociedade não consegue viver de acordo com o senso de valores éticos e morais? A racionalidade inerente no comportamento das pessoas  não é o suficiente para tanger o fazer necessário no relacionamento inter-humano pacífico?

Esses são questionamentos que vem a memória quando olhamos ao nosso redor e percebemos tão grande aflição em meio a voragem das necessidades e interesses dos indivíduos em  suas mais  secretas e até as mais visíveis ambições.

Uma pessoa prudente com certeza se entristece profundamente toda às vezes em que se abstrai na reflexão da atual situação da sociedade humana, todavia quando paramos para analisar a história da evolução da relação entre humanos, e seus procedimentos para com a natureza, veremos que entre  as nações ditas civilizadas em nenhum momento houve o respeito necessário para o equilíbrio da existência entre os seres vivos e inanimados.  

A civilização suméria é o primeiro vestígio  de algo que podemos chamar de império,  que é um sistema de governo que procura dominar outros povos por imposição, e consequentemente,   praticando a exploração das riquezas, recursos naturais e a força humana para o trabalho forçado. Segundo registros históricos a suméria foi a primeira civilização a desenvolver certo grau de tecnologia, que garantiu o domínio dos povos menos desenvolvidos na época.  

No século XVI a população mundial, nas terras conhecidas,  era estimada em 400 milhões de pessoas, enquanto na América,  antes da colonização,  a população de nativos não ultrapassa a 15 milhões de indivíduos. Na Europa e parte da Ásia os povos viviam em guerra, no continente Americano os povos viviam de forma pacífica, racional e de forma sustentável.

Na Europa, de onde vieram os colonizadores, as guerras e disputas territoriais haviam colocado uma enorme animosidade entre os diversos povos causando destruição,   levando diversas regiões geográficas a se odiarem e desejarem a ruína uns dos outros, essa atitude denota baixo senso de ética e moral, dificultando a prática do respeito ao outro.



Esse tipo de dominação vem se repetindo durante as eras causando a destruição da moral e da ética,  que de tempo em tempo recebe uma sobrevida  por imposição da vontade popular que se levanta contra o dominador como aconteceu, por exemplo, com o cristianismo que impediu o expansionismo do império romano, e posteriormente  a revolução francesa que impediu a continuidade do sistema monárquico que estava sufocando  grande parte da população do centro europeu na época com feudalismo. Todavia tanto o cristianismo como a revolução burguesa foram apenas um paliativo, já que depois de algum tempo ambos se moldaram aos interesses opressores.

Os relatos dos primeiros exploradores das Américas dão conta que os nativos eram extremamente pacíficos, vivendo sem nenhuma tecnologia, convivendo apenas com técnicas primitivas, respeitando a natureza, sem disputas por territórios. Deste modo poderemos supor que senso de moral e ética só pode vigorar com  mínimo de saber científico e tecnológico. Esse modo de vida facilitou a invasão, ocupação, exploração e dominação do território.     

A  primeira e a segunda guerra mundial aconteceram como uma disputa entre três  grandes blocos imperialistas para tentar dominar e explorar a África e a América Latina. Só se arvora a dominar outro quem possui mais conhecimento e tecnologia, o que possibilita submeter o outro à sua vontade, e neste contexto,  tendo que abrir mão do senso de ética e moral, esse era o sentimento dos Alemães, Japoneses e Norte Americanos, que exercitavam certo grau de moral e ética dentro de seus territórios em detrimento de um tratamento menos civilizado com outros povos.   

Quanto mais civilizada e tecnológica uma nação mais ela tem o desejo de dominar e submeter outros povos, e a própria história atesta que o conhecimento, ciência e tecnologia não levam os povos a estabilidade de convivência e nem tão pouco na depuração  dos valores éticos e morais.

Os pesquisadores do comportamento dos povos ameríndios  da antiguidade constataram que foram os Astecas os povos mais civilizados e tecnologicamente avançados do continente americano, e também os mais exploradores e sanguinários e os únicos que utilizavam-se do sistema escravagista, enquanto os índios brasileiros muitos mais primitivos viviam em relativa tranqüilidade, respeitando o outro individuo semelhante e a natureza.

Assim me sinto instado a acreditar que quanto mais avançada e, supostamente civilizada for uma nação ou povo, menos valor terá a ética e a moral, fundamental para o equilíbrio da convivência humana.  Através dos séculos essa falta de moral e ética, demonstrada pelos grandes líderes das nações em todas as épocas,  se entranhou no inconsciente  coletivo. É Justamente por isso que o sistema social montado não inspira segurança e estabilidade. De forma que estamos caminhando para um beco sem saída, e, por mais paradoxal que possa parecer, a partir da agora passaremos a viver num sistema de tecnologia mega avançada em meio a maior instabilidade social jamais vista em todos os tempos.

E depois de um pouco pensar, me veio a desconfiança de que quanto mais primitivas e menos tecnológica a civilização  cresce a possibilidade de haver mais harmonia e tranqüilidade em uma comunidade. Além de que já está mais do que provado que a ciência e tecnologia utilizadas sem o anteparo do sentimento de moral e ética produzem condições adequadas para a degradação da natureza onde também estão incluído os seres humanos cuja consciência também é degradada.  

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